Tipos de arco

arcos-700Antes de começar a prática de tiro com arco é importante conhecer que tipo de arco você vai usar. Apesar dos arcos terem um princípio universal – tensionar a corda, mirar e atirar em um alvo – cada tipo de equipamento requer conhecimentos específicos de técnicas e postura para melhorar a qualidade do tiro.

Como o arco foi desenvolvido em várias culturas há milhares de anos, atualmente há uma enorme variedade deles. Aqui vamos comentar os tipos de arcos em quatro categorias: tradicional, arco-escola, recurvo olímpico e composto. Esses dois últimos são os arcos utilizados em competições oficiais da Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTARCO) e Federação Internacional de Tiro com Arco (FITA).

Independente do tipo de arco com que se queira praticar, é importante começar com um equipamento de baixa potência para evitar lesões musculares e fraturas. O praticante também deve conhecer qual o seu olho diretor antes da aquisição de qualquer equipamento.

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Arco tradicional

São arcos modernos que simulam equipamentos usados em guerras nas idades Antiga, Média e Moderna, entre 4.000 Antes da Era Comum (A.E.C) até o século XVII da Era Comum (E.C.). Há dezenas de variedades de arco tradicional, dependendo da referência do povo e época que o utilizou.

Nessa categoria está o arco indígena brasileiro, reconhecido pela CBTARCO não como esporte, mas como resgate da cultura nacional. O arco indígena brasileiro é longo – normalmente um pouco maior que o arqueiro – em formato de meia lua. As flechas também são bem longas, para dar mais peso ao projétil e causar mais dano na presa. Também há uma modalidade de tiro com arco nos Jogos dos Povos Indígenas, que têm apoio do Governo Federal e CBTARCO.

Um arco tradicional de referência mundial é o arco huno. Ele é feito de forma assimétrica, com a lâmina inferior mais curta para facilitar o movimento da espada durante a cavalgada, e a lâmina superior mais grossa para aumentar a potência do tiro.

A) Arco longo medieval de teixo; B) arco de nativos da América curvado; C) arco angulado do Oeste da Ásia; D) arco do povo cita; E) arco turco do século XVII; F) arco dos tártaros da Crimeia

Modelos de arcos tradicionais: A) Arco longo medieval de teixo; B) arco de nativos da América curvado; C) arco angulado do Oeste da Ásia; D) arco do povo cita; E) arco turco do século XVII; F) arco dos tártaros da Crimeia

Os húngaros desenvolveram um arco parecido com os dos hunos, mas simétrico, o que garantiu maior potência e maior alcance da arma; porém, sem a praticidade de usá-lo a cavalo. Já os coreanos aperfeiçoaram as camadas da lâmina com diferentes tipos de madeira. O resultado é um arco letal capaz de atirar flechas a até 600 metros de distância.

Em todos os casos, os arcos tradicionais se abstêm de tecnologias modernas que compensam falhas causadas pelo arco e pela interferência no tiro no momento do disparo, o que causa oscilações na corda. A flecha fica apoiada no dedo que empunha o arco, em vez de num com essa finalidade. Esse tipo de equipamento também tem menos pontos de referência, como mira ou cliker, o que torna o tiro mais instintivo.

Yumi, o arco tradicional japonês

Yumi, o arco tradicional japonês

O arqueiro deve desenvolver uma memória muscular bem mais acurada. Grosso modo, o arco instintivo é bem menos preciso que seus primos modernos e requer muito mais treinamento para obter uma mira e um agrupamento de flechas consistentes.
Os arcos tradicionais normalmente competem em categorias específicas de torneio, sem disputa direta com o arco recurvo olímpico e o composto. A Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTARCO) e a Federação Internacional de Tiro com Arco (FITA) não incluem os tradicionais em suas modalidades de competições oficiais.

Arco-escola

Arco-escolaUma versão simplificada do arco recurvo – que veremos a seguir – desenvolvida especialmente para neófitos. O arco-escola é normalmente feito em madeira, tem as lâminas recurvadas em um S suave e tem a potência reduzida, normalmente até 20 libras. A potência baixa facilita que o arqueiro puxe a corda até o queixo, estabelecendo uma ancoragem firme já nos primeiros tiros.

Os arcos para iniciante têm o mesmo formato de um arco de competição e têm encaixes para os mesmos itens, como rest e mira, por exemplo. No entanto, esses itens desenvolvidos para o arco-escola costumam ser de plástico e de qualidade menor, assim como o preço. Nesse aspecto, o arco-escola pode até funcionar como um “seguro” evitando grandes prejuízos com compras erradas.

Um arco-escola é uma versão simplificada do arco recurvo, ideal para iniciantes

Um arco-escola é uma versão simplificada do arco recurvo, ideal para iniciantes

O arco-escola é ideal para que o arqueiro comece a treinar sua postura, ancoragem, respiração, mira e largada. Ele também aprimora o condicionamento físico para que, futuramente, o atleta venha a usar um equipamento de maior qualidade e potência.

Depois de certo tempo, a depender da desenvoltura de cada pessoa, o arqueiro perceberá que chegou ao limite da precisão do arco-escola e terá a necessidade de um equipamento melhor caso queira continuar o aprimoramento da prática. Permanecer com um arco-escola por muito tempo é recomendado apenas para práticas recreativas, e não para formação de atletas de alto rendimento.

Arco recurvo

arco recurvoO nome “recurvo” vem do formato das lâminas, que curvam para dentro do arco na extremidade recurvam para fora, lembrando o formato suava de um S. Esse desenho garante às lâminas um maior acúmulo de energia, aumentando a potência do tiro. Também chamados de arco recurvo olímpico, estes são da única categoria aceita nas Olimpíadas.

Em competições, o arco recurvo é equipado com um conjunto de estabilizadores, rest, botão de pressão, cliker, mira, damper e pesos; o arqueiro também utiliza uma dedeira e protetores de braço e de peito, além do uniforme obrigatório.

Os recurvos de qualidade são equipamentos aerodinâmicos, com regulagens firmes e fornecem tiros precisos. O riser é normalmente feito de metais e carbono, as palas são constituídas de madeira e fibras de carbono, e a corda é feita de fios com baixíssima elasticidade, para evitar a perda de energia no tiro.

O arco recurvo é uma evolução do arco tradicional. O rest e o nock point são referência para a flecha fique sempre instalada na mesma posição. O clicker dá a garantia de que o arqueiro faça sempre o mesmo cumprimento da puxada, dando uma trajetória semelhante da flecha a cada tiro. Já o botão de pressão e janela do arco reduzem o paradoxo do arqueiro, permitindo uma mira mais eficiente.

Arcos recurvos são atualmente os únicos aceitos em Jogos Olímpicos

Arcos recurvos são atualmente os únicos aceitos em Jogos Olímpicos

Por ser o único arco aceito nas Olimpíadas, atletas de alta performance de outras modalidade são comumente aliciados à prática com o recurvo. Foi o caso do arqueiro brasileiro Roberval dos Santos (também conhecido como Tico) e os americanos Brady Ellison e Reo Wilde. Tico e Reo Wilde não se adaptaram como esperavam e retornaram ao composto; Ellison se tornou um exímio arqueiro com o recurvo e foi medalha de prata nas Olimpíadas de Londres, em 2012, na modalidade por equipe junto com Jake Kaminski e Jacob Wukie.

Arco composto

arco compostoDesenvolvido apenas em 1967, o arco composto é o mais moderno e tecnológico equipamento do arqueirismo. Ele tem uma série de ferramentas mecânicas que auxiliam no conforto e na precisão do tiro. A maior diferença entre um composto moderno e os arcos já citados é presença de um conjunto de cabos e polias nas extremidades da lâminas. Esse sistema cria o let off, efeito que reduz a força necessária para puxar a corda até o ponto de ancoragem.

O guarda de cabos evita maiores oscilações horizontais da corda, o que reduz a interferência da trajetória da flecha, permitindo um tiro mais preciso. O arco composto conta um sistema de mira também mais complexo do que os demais modelos de arco, com lentes instaladas na corda e numa haste na extremidade do arco, compondo alça e massa de mira. O conjunto de lente também garante uma aproximação do alvo em até oito vezes.

Outro item que auxilia numa maior acurácia do arco composto é o gatilho, um item mecânico ativado por pressão ou o toque de um botão para disparar a flecha. O gatilho substitui a largada tradicional, feita com os dedos, e causa bem menos oscilação na corda do arco. Os arcos compostos são geralmente os mais potentes e disparam flechas mais rapidamente, sofrendo menos influência do vento e outros fatores climáticos.

Os compostos são utilizados em competições Fita em todo o mundo em modalidades distintas das do recurvo. Os atletas do composto têm de acertar um alvo a 50 metros de distância. Para compensar uma distância menor (no recurvo, a distância é de 70 metros) com um arco mais preciso, os alvos são menores para as modalidades do composto.

Arco composto tem um sistema de mira com lentes e permite o uso do gatilho, que garante um tiro mais preciso

Arco composto tem um sistema de mira com lentes e permite o uso do gatilho, que garante um tiro mais preciso

A grande frustração dos atletas de arco composto é não poder competir nas Olimpíadas, já que o Comitê Olímpico Internacional adota provas de tiro com arco apenas para recurvo. A Fita já realizou várias investidas na tentativa de incluir modalidades de composto nas Olimpíadas, mas sempre frustradas; em parte pelo número já inchado de competições nos jogos, em parte pelo arco composto ter muitos recursos mecânicos.

A flecha

flechaAs flechas de competição para arcos recurvos e compostos são normalmente feitas de carbono ou alumínio ou a combinação desses dois elementos. A ponta pode ser feita de uma variedade de metais, sendo o mais recomendado – e mais caro! – o tungstênio, por ter uma melhor aerodinâmica.

Na parte traseira do tubo da flecha é instalada o nock, ou rabeira; esse item permite o encaixe da flecha na corda. Logo após o nock são fixadas as penas, ou vanes. Normalmente são coladas três penas, mas há formações de duas ou quatro penas; essas formações são mais exóticas e desaconselhadas para competições tradicionais do modelo Fita. Também em competições oficiais o atleta deve, obrigatoriamente, grafar suas iniciais no tubo. Isso evita confusão para identificar de quem é a flecha fixada no alvo caso dois ou mais atletas usem penas da mesma cor e tubos de modelos similares.

Assim como o arco, a flecha tem diversas especificidades e unidades de medida. O valor de cada unidade deve ser escolhido de acordo com o arco e com o atleta. Pode se dizer, sem nenhuma exagero, que cada flecha tem um conjunto único de medidas desenvolvido especialmente para o seu arqueiro.

Uma dessas medidas é o comprimento da flecha, medido entre o nock e o fim do tubo, descartando o tamanho da ponta. A envergadura do arqueiro determina o tamanho da flecha, da puxada e do arco adequado para ele. Uma flecha longa demais pode ocasionar em tiros instáveis, já uma flecha curta pode acarretar em acidentes graves e não deve ser utilizada. Vale destacar que flechas rachadas ou trincadas também devem ser descartadas para evitar acidentes.

Outra medida importante é o spine. Essa unidade quantifica a flexibilidade da flecha: quanto maior o spine, maior o movimento de contorção da flecha durante o voo até o alvo. O spine deve ser definido seguindo a proporção do tamanho da flecha, da potência e tipo do arco.

As flechas contém variantes que devem ser estabelecida de acordo com características do arqueiro e do arco

As flechas contém variantes que devem ser estabelecida de acordo com características do arqueiro e do arco

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